"Carta Aberta aos Animais"
Artigo L'obs e Le Parisien 24/06/2017 –
Paris (AFP) – O homem é superior aos animais? Frédéric Lenoir, filósofo convicto, descontrói essa teoria demonstrando que os animais são diferentes, nem inferiores nem iguais ao homem, em seu novo livro "Carta Aberta aos Animais e a Todos que os Amam", publicado no final de maio pela Fayard.
"Escrevi este livro porque me interesso por animais há muito tempo. Me envolvi há três anos, quando a 30 Milhões de Amigos me contatou para mudar o Código Civil. Logo após a publicação na imprensa de uma petição de intelectuais, o animal foi reconhecido como um 'ser senciente' e não mais como 'propriedade pessoal'", disse ele à AFP .
Em seu livro, Frédéric Lenoir discute os principais movimentos filosóficos e religiosos. "Somente os homens podiam se dirigir aos deuses", o que "levou os humanos a dominar e explorar os animais e a considerá-los como coisas", enfatiza.
No entanto, "cada espécie animal tem suas diferenças e singularidades". "Precisamos romper com essa lógica na qual estamos presos há 2.500 anos, que consiste em colocar os humanos de um lado e todas as outras espécies do outro", acredita o amante dos animais, que "estabeleceu relações afetivas com seis gatos e três cães, seis dos quais morreram" e que ele "lamentou como se fossem queridos amigos".
“Mostrar humanidade não significa mais simplesmente respeitar o outro ser humano, mas todo ser vivo, de acordo com seu grau de sensibilidade e consciência”, acredita.
Frédéric Lenoir evoca "a esquizofrenia moral do homem que preza seu cão ou seu gato, mas não tem empatia pelos bezerros ou ovelhas levados sem cerimônia ao matadouro".
"O que também me fez decidir me envolver mais nessa luta pelos animais foram os vídeos da L214 (uma associação de direitos dos animais, nota do editor), que revelaram as condições terríveis existentes nas fazendas industriais e nos matadouros", acrescenta. "Precisamos acabar com essa situação escandalosa!"
E a mudança só pode ocorrer por meio da “evolução dos nossos estilos de vida e padrões de consumo”.
– Um “rótulo animal ético” –
"Não sou contra comer carne; humanos são onívoros, e isso não é imoral. No entanto, o que é imoral é a pecuária industrial intensiva. Criamos animais que sofrerão do nascimento à morte", protesta o filósofo, defendendo "um retorno à agricultura em escala humana".
Tendo crescido nas montanhas com animais de fazenda, ele pede "uma redução no consumo de carne e um retorno à agricultura tradicional, onde o animal tem uma vida mais ou menos normal".
Sua prioridade: definir uma ética para os animais, levando em consideração seu nível de inteligência e sensibilidade. Porque "quanto mais inteligente um animal, mais capaz de sofrer, mais deve ser respeitado. Matar um mosquito não tem o mesmo valor moral que matar um porco ou um cachorro, que têm grande inteligência e sensibilidade."
Para este fervoroso defensor dos animais, "o primeiro direito deles é viver uma existência digna, de acordo com sua natureza, mesmo que um dia precisem ser comidos".
Para mudar atitudes, o filósofo espera a introdução de um "selo animal ético", que permitiria uma melhor rastreabilidade da carne. "Os consumidores veriam que o animal foi respeitado ao longo de sua vida, viveu ao ar livre e foi abatido em uma fazenda, por exemplo. Eles teriam então a opção de comprar carne mais cara, e isso faria a diferença", acredita ele.
Com sua recém-criada animaux CSA para o audiovisual - "que leve em conta o bem-estar animal e não apenas os interesses dos humanos!"